Carlos Lopes e o amor ao trabalho do Campo em São Tomé

Na viagem da Cvsports Jogo Limpo em São Tomé e Príncipe, vamos hoje à Canavial de Praia das Conchas - distrito de Lobata, conversar com Carlos Lopes mais conhecido por Nando.
Este de cabo-verdianos nascido em São Tomé, trabalha há alguns anos na Embaixada de Cabo Verde no arquipélago irmão, mas também reversa tempo para trabalho agrícola.
Carlos Lopes contou-nos que na propriedade onde possui a plantação de Cana cerca de 3 hectares, antes funcionava como aviário da extinta Empresa ENAVI, na qual ele era funcionário. Com o advento do regime multipartidário, o Governo santomense procedeu à distribuição de terras para trabalhos agrícolas aos cidadãos, cabendo-lhe a referida parcela que diz trabalhar com empenho e orgulho, porquanto aprendeu a ter amor ao trabalho com os pais, que segundo Nando, sempre lhe diziam que que o homem deve ser trabalhador, educado e íntegro, valores conforme o nosso entrevistado que infelizmente, estão a desaparecer nos dias de hoje.

“Estou a trabalhar estas terras há trinta e tal anos, antes fazendo a cultura de cana numa parcela de 7 hectares, mas agora em 3 hectares, devido a fatores relacionados com a falta de mão d’Obra e de outros meios. Aqui produzimos aguardente de boa qualidade, feito apenas de cana e vendido a um preço que ronda os 8 euros, mas algumas pessoas dizem ser caro, tendo em conta que estão habituadas a consumir produtos baratos e de má qualidade – a cacharamba - feita com mistura de açúcar refinada”, afirmou.
O produtor diz que coloca a aguardente para venda nas principais casas comerciais de STP, e ambiciona fazer a exportação para outros mercados.
“Já estive em Cabo Verde onde fiz intercâmbios e formação e já participei em feiras no Brasil, pelo que continuo empenhando na procura de mais meios para exportar o nosso produto. Penso que se deve a nível do país criar estruturas e mecanismos de financiamento para que os agricultores possam reforçar o trabalho que desenvolvem”, realça Carlos Lopes, para quem São Tomé e Príncipe possui potencialidades no sector, mas que necessita de maior visão de quem governa.

Carlos Lopes lamenta a perda de um projecto no quadro da cooperação Cabo Verde – São Tomé e Luxemburgo, país financiador.
“Deviam colocar-nos em STP duas de máquinas industriais para a produção de aguardente… uma em São Tomé e outra na ilha do Príncipe. A de São Tomé ficaria aqui na propriedade onde trabalho, mas que estaria ao serviço dos demais produtores, mas o ministério da Agricultura terá decidido desviar a colocação para outro lugar, situação que levou a que o projecto não fosse para frente”, adiantou .
Na ponta final da conversa com a reportagem do online Cvsports Jogo Limpo, Carlos Lopes defendeu maior valorização dos cidadãos que se mostram empenhados no verdadeiro processo de desenvolvimento do país.
“Caso fosse dada maior atenção às pessoas que trabalham, São Tomé e Príncipe estaria mais e melhor desenvolvido… temos muita gente que quer vida boa sem trabalhar… isto tem que mudar”, disse Lopes, que aproveitou a oportunidade para pedir maior atenção do Governo de Cabo Verde direcionada aos descendentes de cabo-verdianos nas ilhas do Equador.
Cvsports Jogo Limpo em STP,
Com Apoio do M. das Comunidades CV