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São Tome e Príncipe

18% da população de STP vive no estrangeiro cerca de 40 mil, e a metade abandonou o país em 2023

 18% da população de STP vive no estrangeiro cerca de 40 mil, e a metade abandonou o país em 2023

Os dados que reflectem o aumento da emigração em São Tomé e Príncipe foram apurados num estudo feito pelo Banco Mundial sobre a dinâmica da migração e remessas em São Tomé e Príncipe.
O estudo, que pretende ajudar o país a definir estratégias que garantam um modelo migratório sustentável, diz que «actualmente pelo menos 18% da população de São Tomé e Príncipe reside no estrangeiro, totalizando aproximadamente 39.773 santomenses».
O relatório do Banco Mundial acrescenta que nos últimos 5 anos «as saídas do país aumentaram em 106%». 2023 se destaca como sendo o ano de maior êxodo para o estrangeiro. «Só em 2023, 24.156 pessoas deixaram o território nacional», precisa o estudo do Banco Mundial.
Os jovens dos 18 aos 35 anos são os que mais emigram, correspondendo a 72% da população emigrada. 30% dos santomenses que abandonaram o país frequentaram o ensino superior, 40% possuem o ensino secundário, e 25% não completaram o ensino básico.
Os dados divulgados pelo Banco Mundial comprovam que São Tomé e Príncipe já perdeu boa parte da sua força de trabalho, principalmente a mão de obra qualificada.
Portugal continua a ser o principal destino devido aos laços históricos e culturais e ao recente acordo de mobilidade da CPLP. O relatório refere que Portugal absorveu 51,7% dos cerca de 40 mil emigrantes santomenses. Angola recebeu 17,2%, Gabão 16,4%, Cabo Verde 4,5%, e a Guiné Equatorial 4,5%.
Apesar de actualmente ter a maior parte da sua mão de obra a trabalhar no estrangeiro, São Tomé e Príncipe não sente o impacto forte na sua economia. As remessas dos emigrantes são pequenas e irregulares, alerta o relatório do Banco Mundial.
«As remessas são limitadas pelos elevados custos de transferências, pela fraca infraestrutura financeira e pela precariedade dos empregos dos emigrantes», sublinha o relatório.
O Banco Mundial dá o exemplo do ano 2022, em que as remessas dos emigrantes representaram apenas 5,2% do Produto Interno Bruto. «Um percentual muito inferior à de muitos outros pequenos Estados insulares», destaca o relatório.
Se o impacto sobre a balança de pagamentos, e sobre a economia do país é insignificante, a debandada da mão de obra jovem santomense para o estrangeiro, está a causar problemas sociais e familiares irreparáveis para São Tomé e Príncipe.
O estudo revela que actualmente «48% das crianças santomenses vivem apenas com um dos pais, ou sem os pais biológicos». Uma situação que coloca desafios emocionais e dificuldades escolares para as crianças. «Muitas crianças ficam ao cuidado dos avós ou irmãos mais velhos», denuncia o relatório do Banco Mundial.
O estudo chama a atenção para o facto de o impacto ser ainda mais grave, quando são as mães que emigram. As crianças deixam de ter os cuidados infantis especiais, que só as mães podem dar.
O estudo realizado pelo Banco Mundial e apresentado publicamente em São Tomé garante que os jovens santomenses continuam a acreditar que a emigração é a única SOLUÇÃO. Por isso o fluxo migratório tem tendência para aumentar.

Facto comprovado no painel de Debate, por um agente do serviço de migração e fronteiras. Alertou as autoridades santomenses sobre a explosão do fenómeno da emigração. Um fenómeno que segundo o agente da polícia de migração e fronteira, poderia esvaziar São Tomé e Príncipe, caso o país tivesse um acordo de isenção de vistos directamente com Portugal, ou se estivesse em vigor a isenção de vistos no quadro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, a CPLP.
Juan Alvarez, diretor do Banco Mundial para São Tomé e Príncipe, recordou que a população do país é muito pequena face ao fluxo migratório tão grande.
«Eu acredito que todos os presentes conhecem pelo menos 1 pessoa, que já emigrou. São Tomé e Príncipe é um país pequeno, tem uma população de cerca de 200 mil habitantes, e 40 mil já saíram do país à procura de melhores oportunidades de trabalho», pontuou.

Para que o país definisse um modelo migratório sustentável, o Banco Mundial apresentou várias recomendações. Para a protecção das crianças que ficam semi-abandonadas, o Banco Mundial recomenda que o governo crie programas sociais direcionados para as crianças e jovens afetados pela migração.
Promoção de serviços bancários digitais, é uma das recomendações para facilitar o envio de remessas ao país. Mecanismos de apoio à comunidade santomense na diáspora, é outra recomendação.
A nível nacional, o governo é desafiado a melhorar a empregabilidade dos jovens. O Banco Mundial recomenda a investir na formação profissional e na educação, para aumentar as oportunidades locais para os jovens, que em caso de emigração, também terão competências profissionais para competir por um emprego seguro no estrangeiro.

Com Tela Non

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