Luca Zidane, o legado em suas luvas
Na quarta-feira, em Rabat, a Argélia encerrou um jejum de seis anos sem vitórias na Copa Africana de Nações TotalEnergies CAF, dominando o Sudão por 3 a 0 em sua estreia no Marrocos 2025. Foi uma noite memorável por diversos motivos. Riyad Mahrez marcou dois golos históricos, tornando-se o maior artilheiro da Argélia na história do torneio, com oito golos. O su`plente Ibrahim Maza também deixou sua marca, tornando-se o jogador mais jovem a marcar um golo pela Argélia na competição, com 20 anos e 30 dias. E no centro dessa atuação coletiva, um nome se destacou: Luca Zidane, que fez sua estreia na Copa Africana de Nações e conquistou seu primeiro jogo sem sofrer golos, um feito que será lembrado por muitos anos.
Uma estreia perfeita para o goleiro Zidane.
Nas arquibancadas do Estádio Moulay El Hassan, em Rabat, um dos destaques da partida não foi um golo, mas sim a ausência de golos sofridos. Titular na baliza da Argélia, Luca Zidane teve uma estreia bem-sucedida na Copa Africana de Nações, mantendo o placar zerado na vitória por 3 a 0 contra o Sudão. Apesar de algumas defesas promissoras do adversário, o guarda redes de 27 anos do Granada, da Espanha, mostrou-se sólido e confiável, apresentando uma atuação repleta de compostura e segurança.
Seu treinador, Vladimir Petković, não hesitou em elogiar sua compostura: "Zidane transmitiu à equipa uma verdadeira sensação de segurança e jogou bem com os pés, apesar de ser uma de suas primeiras partidas pela seleção."
Diante dos ataques sudaneses, o guarda redes se consolidou como um pilar fundamental de uma defesa que inclui veteranos como Rayan Aït-Nouri e Ramy Bensebaini. Desde sua estreia na Copa Africana de Nações, Luca mostrou que não estava ali por acaso.
Uma escolha firme e deliberada: Argélia em primeiro lugar.
A carreira internacional de Lucas Zidane poderia muito bem ter sido francesa. Ele chegou a representar a França nas categorias de base em diversas ocasiões. Mas uma forte e deliberada ligação familiar o levou a escolher a Argélia. Entre os motivos para essa escolha, o próprio Luca mencionou a influência inestimável de seu avô, que o incentivou a abraçar suas raízes. "Meu avô me incentivou a jogar pela Argélia. Ele queria que eu me orgulhasse da minha herança, e eu queria honrá-lo. Meu pai me disse para fazer minha escolha e para fazê-la conscientemente."
Esse forte laço familiar o levou a vestir com orgulho a camisa dos Fennecs, com o nome de Zidane nas costas. Presente nas arquibancadas em Rabat para o evento, seu pai Zinedine, campeão da Copa do Mundo de 1998 com a França, recebeu uma calorosa salva de palmas da torcida sempre que sua imagem aparecia nos telões do estádio, mas isso não o distraiu: “É realmente ótimo que ele tenha vindo com meu irmão. Sempre tive o apoio da minha família, e vê-los aqui no CAN me dá ainda mais coragem para representar a Argélia.”
Das trevas à luz: o papel de um guarda na Argélia moderna.
A chegada de Luca Zidane à baliza da seleção argelina coincide com um período de transição para os Fennecs. Após duas edições sem vitórias ou classificação para as fases finais — eliminados na fase de grupos em 2021 e 2023 —, a equipa procurava reencontrar o rumo e a solidez no geral.
A posição de guarda redes no futebol argelino é tradicionalmente associada a figuras icônicas. Entre elas, Rais M'Bolhi por muito tempo simbolizou essa posição: um guarda redes heróico e corajoso em grandes jogos, notadamente durante a Copa do Mundo de 2014 e campanhas africanas anteriores. Hoje, é a vez de Luca Zidane assumir o manto, com sua própria visão da posição: calmo sob pressão, capaz de comandar a defesa e apoiar o ataque desde a retaguarda.
O fato de não ter sofrido golos contra o Sudão não foi por acaso, mas sim o resultado de uma preparação cuidadosa, uma escolha de carreira bem pensada e a determinação de se firmar em uma posição crucial. Principalmente para um guarade redes que teve que esperar sua chance longe dos holofotes internacionais antes de ser convocado por Petković nesta temporada.
Para manter essa continuidade
Após esta vitória na estreia e uma memorável partida sem sofrer golos, Lucas Zidane e a Argélia precisam voltar suas atenções rapidamente para o próximo desafio: Burkina Faso, no domingo, em Rabat. Os adversários chegam com a moral elevada após a espetacular vitória por 2 a 1 na primeira partida contra a Guiné Equatorial e não darão trégua. Para os Fennecs, o objetivo será confirmar a recuperação, manter a solidez defensiva implementada por Zidane e continuar a construir sobre a mistura de experiência e juventude que lhes permitiu quebrar um jejum de vitórias na Copa Africana de Nações.
C/Cafonline



